Em Greve Geral, manifestantes se reúnem na UFMT contra cortes da Educação
Manifestantes se reúnem, na tarde desta quarta-feira (15), em uma concentração na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, em adesão de duas agendas nacionais, a Greve Nacional da Educação e a luta Contra a Reforma da Previdência proposta pelo Governo Federal. Eles devem percorrer algumas vias da capital em carreta, para depois seguirem para a Praça Alencastro, região central da Capital.
Professora no programa de pós-graduação em Antropologia Social da UFMT, Flávia Carolina da Costa, 35 anos, diz, que para ela, o corte orçamentário da Educação destrói a permanência e autonomia das universidades públicas. Além disso, ela acredita que é um retrocesso na produção científica.
“É um retrocesso no País, não é retrocesso na universidade simplesmente. O público que se atinge, não são os universitários. É simplesmente um retrocesso na produção cientifica, não tem mais hospitais públicos. Muitos hospitais públicos são vinculados às universidades. Não tem mais produção de vacina, produção de medicamentos, de cura de doenças. Tudo isso está na mira desses cortes. É um retrocesso em termos de País”, afirmou. “Acho que é fundamental que a gente se movimente de alguma maneira. Só a manifestação de hoje é pouca coisa. É necessário que se reúna outros atos, construir uma renda de manifestações, conscientizando a população sobre a necessidade deste tipo de atitude, de ação com a sociedade civil em prol da educação pública do País”, acrescentou. Aluna do 7º semestre do curso de Física, Amanda Cristina Araújo da Silva, 21 anos, contou que participa do ato para defender a universidade pública. “Não vai afetar só a gente. Eu, por exemplo, já estou me formando, mas não me preocupo só comigo. Nós trouxemos os calouros para se unir nesta luta pela universidade, tanto pela extensão, quanto pesquisa”.
Amanda defende que o bloqueio irá atingir toda a Universidade. “Na física a gente trabalha muito com pesquisa. Eu, por exemplo, trabalho na área de neurofísica, mas lá [laboratório] tem pesquisa em física nuclear, várias coisas. Trabalhamos bastante com projetos de extensão. A gente costumar ir em comunidades e fazer intervenções com pessoas carentes, com essa sociedade. E esses cortes vão afetar em todos os aspectos”, finalizou. Bloqueio O Ministério da Educação comunicou no dia 30 de março o bloqueio de 30% na verba de todas instituições de ensino federais do país. O anúncio foi feito depois das reações críticas ao corte de verba de três universidades que foram palco de manifestações. São elas: Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal Fluminense (UFF). Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, o ministro Abraham Weintraub comentou que "universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico e estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”. Depois do anúncio, os Institutos e Universidades Federais mato-grossenses anunciaram os impactos que o bloqueio poderia causar. Na UFMT, por exemplo, o corte representa R$ 34 milhões. Caso a medida proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) não seja revista em até 60 dias, contratos de serviços básicos deixarão de ser honrados, a disciplina de Libras será aplicada na modalidade EAD (Ensino à Distância), o campus poderá também ficar sem luz e água e, por consequência, o Restaurante Universitário pode deixar de atender.