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Artista mato-grossense leva sua arte para a Europa e reúne criatividade com o social


Quando criança Rafael Jonnier já rabiscava muros, gostava de arte e de colocar cores nas coisas. Criativo, cresceu rodeado de natureza, inspirou-se boa parte das vezes que pintou em coisas que viveu.


O avô o levava para pescar com frequência e um de seus personagens, o Pescador de Sonhos, retrata lembranças que teve. No último ano, o mato-grossense percorreu o mundo para ter novas referências, pintou em lugares históricos e deixou um pouco de sua arte em exposições e muros em outros continentes.


Rafael acredita que o governo incentiva menos do que deveria os artistas locais e exige inúmeras burocracias em editais, mas que isso o fez desenvolver seu lado empreendedor. Com grande notoriedade, se considera jovem na arte, cinco anos trabalhando profissionalmente, e diz que o trabalho que desenvolve também é espiritual.


Confira os melhores trechos da entrevista:


Desde quando começou a se envolver com a arte e o que ela significa para você? Vive só do seu trabalho como artista?


Comecei a rabiscar desde cedo e sempre gostei da área criativa. Com 13 anos eu já trabalhava com decoração e em eventos. Ao vir para Cuiabá estudei design de interiores. Depois, comecei a pintar a Rua 24 de Outubro e, desde então, não parei mais. Hoje eu vivo e sobrevivo da minha arte e ela não é só minha sobrevivência material, mas também espiritual. É a forma que encontro de ajudar outras pessoas no mundo. Falo que a minha arte é muito ligada com o campo espiritual. Não quero que ela seja apenas para decorar o ambiente, quero que seja como uma terapia e que as pessoas viagem nela como um plano pra outra dimensão.


Como foi essa vivência no exterior? O que você foi fazer fora do país?


A experiência no exterior foi muito boa e sempre tive a curiosidade de saber o que tinha lá fora. Digo que voltei rico dessa experiência, rico em aprendizado e técnicas novas. Antes, eu achava que ser bem sucedido era ter bens materiais e só, mas hoje me considero bem sucedido pelo conteúdo que adquiri. O lado financeiro está vindo naturalmente. A Europa me ajudou nessa visão artística, nessa temporada de quatro meses. Passei por Portugal, Holanda, Reino Unido, Paris, Londres. Minha pretensão é continuar conhecendo outras culturas e buscar o que tem de melhor para nossa cultura, cidade e Estado. Nossa cultura é linda, mas tem muito que evoluir.


Você tem alguns personagens que pinta com freqüência, eles tem alguma historia, significam algo de especial para você?


Os personagens são uma releitura da minha vida, sempre fui bem elétrico e sonhador. Esses personagens representam histórias que vivi como o Pescador de Sonhos, pois meu avô me levava muito para pescar ou a Princesinha que representa o do Rio Paraguai, em Cáceres.


No seu ponto de vista, como é o atual momento do Brasil em relação aos artistas e artes?


Nesse momento não só para os artistas, mas para os empresários, tem sido bem complicada a mudança de governo. Eu, como artista, estou tentando me reiventar perante as finanças e busco alternativas, vendo obras com preço mais acessível. Tudo isso com cuidado para não desvalorizar minha arte. É um processo delicado de hábitos e mudanças financeiras, isso considerando que a arte ainda não é vista como um alimento essencial pra vida na sociedade, mas como um objeto de desejo. Um mês nós ganhamos grana e no outro não. Temos que tomar muito cuidado, uma vez que não se tem o apoio do governo como deveria ser, precisamos ter uma educação financeira muito boa.


Você já pintou em prol de ações sociais, trabalha ou desenvolve algum projeto atualmente?


Tenho vários trabalhos sociais, inclusive a de fazer arte e pintura na rua. Pinto e grafito lugares abandonados. Também tenho exposição de arte em clínicas de dependentes químicos e creches. Hoje estou com uma lista de creches e escolas públicas para pintar e falar da arte, como é viver dela, sobre criatividade. Todo mundo precisa de criatividade, independente da área social. Sinto que com isso estou retribuindo o dom que Deus me deu.




Você tem idéia de quantas obras já pintou na vida? Em Mato Grosso? Pelo Brasil ou mundo? Quais os lugares mais inusitados que você deixou seus personagens e suas cores?


Já pintei para muitas pessoas e estou há cinco anos trabalhando profissionalmente. Não tenho noção de quantas obras já pintei por Mato Grosso ou pelo mundo. Tenho todas as fotos, tenho que catalogar, tenho obra no Japão, deixei exposições minhas em Amsterdã, París, Londres e outros lugares que fui pintar, expor ou que foram levadas por clientes. No entanto, minha idéia é focar aqui no Estado e depois abranger. Um dos lugares mais inusitados que pintei foi perto de uma cachoeira em Cáceres. Fiz a tinta através das folhas, usei o barro como matéria orgânica, isso já é bem inusitado.


Em MT, poucos artistas têm ascensão como a que você conquistou nos últimos anos, alguns falam sobre a falta de incentivos ou editais. O que você pensa sobre?

O governo quer ajudar, mas pede uma burocracia de documentos para fazer um único edital. Por isso, desde o inicio da minha carreira, sempre me preocupei também com o lado empresarial. Acho importante, como artista, ter um equilíbrio entre o lado artístico e o lado empresário.



O artista naturalmente se preocupa muito com o lado artístico e esquece o de empresário, por isso também sempre tracei metas de desejo. Penso como público e indago: eu colocaria uma obra dessa na minha casa? Isso levou esse crescimento tão rápido na minha área. Ter uma ajuda do governo é bom e precisamos, mas ela é mínima. Sinto que falta incentivo do governo. Eu sou autônomo, mas além do governo acredito que esse incentivo também poderia vir de outros meios, existem órgãos como Sebrae, mas falta muito mais.



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