Documentos do Período Colonial viram patrimônio cultural da Unesco
Cerca de dois mil documentos manuscritos da Superintendência de Arquivo Público, unidade ligada à Secretaria de Estado de Gestão, referentes à Capitania de Mato Grosso do período Colonial (1768-1822), passaram a integrar o Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo (MOW) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O acervo representa os registros da comunicação de quatro fortificações do período.
“Este é um reconhecimento da importância histórica desse acervo não apenas para a memória local, mas para a memória nacional e mundial, haja vista que passa a compor o patrimônio documental arquivístico do mundo. Um presente para o Estado de Mato Grosso que comemorou este ano 270 anos da criação da Capitania de Mato Grosso”, explica a superintendente do Arquivo, Vanda da Silva.
O programa tem como objetivo garantir a preservação do patrimônio documental que tem um significado mundial e incentivar a preservação do patrimônio documental de importância nacional e regional. Memória do Mundo é a memória coletiva e documentada dos povos do mundo, que representa a maior parte do patrimônio cultural mundial.
O acervo ficou entre os dez selecionados após avaliação de 29 outros conjuntos de documentos. Um fator importante na seleção foi a organização dos arquivos de acordo com a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (Nobrade), seguidas à risca pela equipe do Arquivo Público.
Conforme a superintendente, a intenção agora é digitalizar os documentos e colocar no site do Arquivo Público. Já está sendo esboçada uma parceria com a Editora da Universidade Federal de Mato Grosso (EduUFMT) para publicar os documentos em um catálogo.
Será publicada uma portaria do Ministério da Cultura (MinC) nominando os documentos como memória do mundo. Haverá ainda uma cerimônia que marcará a entrega oficial do registro em dezembro deste ano, no Rio de Janeiro.
Documentos históricos
Os quatro acervos contêm manuscritos de autoridades civis e militares que, durante o período colonial utilizavam os fortes para proteção das fronteiras e para comunicação. O Fundo Forte Nossa Senhora da Conceição (1768-1783) possui 168 documentos que retratam as ações da época.
Inicialmente, fundando em 1760 pelo capitão-general da capitania de mato Grosso, Antonio Rolim de Moura, como presídio de Santa Rosa, anos depois a construção foi chamada de Forte de Nossa Senhora da Conceição. Por volta do ano de 1776 o forte já estava arruinado e pouco acima dele foi erguido o Real Forte Príncipe da Beira.
O Fundo Real Forte Príncipe da Beira (1770-1820) possui 1.318 documentos que contam a história do papel de proteção da fronteira e armazenamento para os comerciantes da rota Guaporé/Amazonas pela Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. O Real Forte Príncipe da Beira foi fundado em 1776, localizado às margens do rio Guaporé, no atual estado de Rondônia. A construção foi tombada como patrimônio histórico em 1950.
Fundo Forte de Coimbra (1775-1822) contém 933 documentos. Fundado em 1775, durante o governo de Luis de Albuquerque de Mello e Cáceres, com o nome de presídio de Nova Coimbra. Com 197 documentos, o Fundo Presídio de Miranda (1797-1822) foi erguido em 1797 à margem direita do rio M´boteteí (atual rio Miranda), afluente do rio Paraguai.